Robert Musil (1880/1942) |
“Foi assim que o comerciante, para quem a grandeza
é tão indispensável como uma bússola, teve de recorrer a este passe de mágica
democrático que consiste em substituir a eficácia não mensurável da grandeza
pela grandeza mensurável da eficácia. Só é grande a partir de agora o que passa por sê-lo (…)”
“O homem sem
qualidades” (Robert Musil)
O raciocínio do Dr.
Arnheim era o de que, assim como na Idade Média qualquer filósofo que se
quisesse fazer ouvir teria de se entender com a Igreja, o homem de valor, hoje,
tem de saber lidar com a publicidade (este “núcleo
dos núcleos do nosso tempo”), justamente, a instituição que dá a medida da “grandeza”.
Eis uma subtil
aplicação da teoria de que os fins justificam os meios. Evidentemente, não há
que satanizar a manipulação do consumidor que quer ser manipulado, e que
prefere uma informação “tendenciosa” a informação nenhuma.
Mas a publicidade não
é uma ortodoxia nem uma regra negativa que desafia a imaginação dos que querem
contorná-la, como no caso da censura. Ela é uma arte no seu âmago mercenária
que subordina a estética à eficácia. Se a inutilidade é distintiva do belo, a
publicidade é todo o contrário disso, com a consequência de corromper fatalmente
a nossa sensibilidade.
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