segunda-feira, 15 de agosto de 2011

GRANDEZA E EFICÁCIA

Robert Musil (1880/1942)



“Foi  assim que o comerciante, para quem a grandeza é tão indispensável como uma bússola, teve de recorrer a este passe de mágica democrático que consiste em substituir a eficácia não mensurável da grandeza pela grandeza mensurável da eficácia. Só é grande a partir de agora o  que passa por sê-lo (…)”

“O homem sem qualidades”  (Robert Musil)


O raciocínio do Dr. Arnheim era o de que, assim como na Idade Média qualquer filósofo que se quisesse fazer ouvir teria de se entender com a Igreja, o homem de valor, hoje, tem de saber lidar com a publicidade (este “núcleo dos núcleos do nosso tempo”), justamente, a instituição que dá a medida da “grandeza”.

Eis uma subtil aplicação da teoria de que os fins justificam os meios. Evidentemente, não há que satanizar a manipulação do consumidor que quer ser manipulado, e que prefere uma informação “tendenciosa” a informação nenhuma.

Mas a publicidade não é uma ortodoxia nem uma regra negativa que desafia a imaginação dos que querem contorná-la, como no caso da censura. Ela é uma arte no seu âmago mercenária que subordina a estética à eficácia. Se a inutilidade é distintiva do belo, a publicidade é todo o contrário disso, com a consequência de corromper fatalmente a nossa sensibilidade.

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