quarta-feira, 4 de maio de 2011

A PERFEIÇÃO NÃO É DESTE MUNDO

Isaac Newton (1643/1727)


“É do temperamento da parte ardente e supersticiosa da humanidade em questões de religião ser sempre atraída por mistérios e, por essa razão, gostar mais daquilo que compreende menos.”

(Isaac Newton, “Correspondência”, citado por Karen Armstrong)



À luz da teoria da evolução, poderíamos deduzir daquele facto que a paixão não nos é menos indispensável do que a clareza e a compreensão das coisas.

Na imagem dos cavalos platónicos, é ao cocheiro da alma que compete domar o animal ardente e supersticioso, mas não podia ser contemplada pelo espírito da época a ideia de prescindir desse ímpeto. A mortificação não é uma ideia grega.

Se quisermos pensar numa analogia com este caso, temos a oposição entre a velhice e a juventude. Aquela é uma mortificação a que não se pode escapar e que, apesar do seu gosto pela razão, se pode afastar cada vez mais da verdade, e então é preciso que a paixão juvenil traga um novo começo que derrube os ídolos do passado.

No paradoxo de Newton, percebemos que há um juízo moral implícito, porque a paixão destrói a harmonia. Mas a perfeição não é deste mundo, ou é uma prisão.

0 comentários: