Isaac Newton (1643/1727) |
“É
do temperamento da parte ardente e supersticiosa da humanidade em questões de
religião ser sempre atraída por mistérios e, por essa razão, gostar mais
daquilo que compreende menos.”
(Isaac Newton,
“Correspondência”, citado por Karen Armstrong)
À luz da teoria da
evolução, poderíamos deduzir daquele facto que a paixão não nos é menos
indispensável do que a clareza e a compreensão das coisas.
Na imagem dos cavalos
platónicos, é ao cocheiro da alma que compete domar o animal ardente e
supersticioso, mas não podia ser contemplada pelo espírito da época a ideia de
prescindir desse ímpeto. A mortificação não é uma ideia grega.
Se quisermos pensar
numa analogia com este caso, temos a oposição entre a velhice e a juventude.
Aquela é uma mortificação a que não se pode escapar e que, apesar do seu gosto
pela razão, se pode afastar cada vez mais da verdade, e então é preciso que a
paixão juvenil traga um novo começo que derrube os ídolos do passado.
No paradoxo de
Newton, percebemos que há um juízo moral implícito, porque a paixão destrói a
harmonia. Mas a perfeição não é deste mundo, ou é uma prisão.
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