"Encontrarás dragões" (2011-Roland Joffé) |
Pierre Bezuhov, em “Guerra
e Paz”, quando se submete ao ritual de iniciação na maçonaria, fica
surpreendido por encontrar, nesse ambiente secretista e solene que invoca os
grandes ideais da Humanidade, algumas dessas frívolas personagens que
frequentavam os mesmos salões do que ele próprio.
Ao conhecermos a vida
do José Maria Escrivá, criador da “Opus Dei”, é com dificuldade que
reconhecemos a sombra do idealismo do fundador nalguns conhecidos ou nalgumas figuras públicas que
nos dizem fazerem parte da “Obra”. Ao incarnar-se, toda a ideia se mistura com
a terra e o sangue, e são frequentes as inversões “diabólicas”. Do espírito,
fica um ídolo oco e o que prevalece é o poder da organização.
Durante a Guerra Civil
de Espanha, no filme, José Maria é uma luz que não cega, que lhe permite
abraçar o inimigo de “classe”. Em contrapartida, Manolo Torres, o amigo de
infância, e que é o verdadeiro centro da história, alista-se entre os “vermelhos”
para fazer espionagem por conta dos franquistas e acaba por ter de matar a
mulher que ama. Mas aquele que vive as experiências dos outros, não pode ficar
incólume. No final, já não sabe em que é que acredita.
No leito de morte,
depois de confessar os seus crimes e traições, só pode oferecer ao filho o
perdão. O ateu confessa-se para que o filho lhe perdoe, não para se salvar a
ele, mas para que o filho se liberte.
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