sexta-feira, 6 de maio de 2011

OS PONTOS NOS ii



“Descartes sempre repetiu que a alma não está alojada como um piloto no seu navio vendo com os olhos do espírito o que acontece ao corpo. Ela é, pelo contrário, verdadeiramente afectada por uma força que ela é, por um lado, incapaz de conceber, mas que por outro é a origem de todas as nossas representações.”


“Benoît Timmermans, citando Bernard Lamy (1640/1715)”


Aqui está um outro Descartes que claramente impugna o processo que lhe moveu António Damásio num livro que teve algum êxito entre nós.

Claro que a tese do nosso neurocientista, no que é realmente importante, não perde validade por ter sido atribuído um erro ao “Príncipe dos Filósofos”, como lhe chamava Émile Chartier. Digamos que é apenas a parte retórica daquela tese que está em causa. Com o desafio a Descartes, é como se Damâsio se tivesse medido com ele, “culpando-o” por não ter nascido no século XX.

Mas René Descartes era um homem estranho. Duma grande coragem física e  intelectual. Basta conhecer um pouco a sua vida de soldado para descobrir de onde lhe vem a passado irresistível do seu raciocínio. Ao mesmo tempo acreditava em sonhos e chegou a fazer uma peregrinação à Senhora do Loreto.

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