“(…)
é porque a acção se encontra inscrita nesta rede (de relações e actos
discursivos) que sempre produz histórias.”
(Jacques
Taminiaux, citando Hannah Arendt)
E não é a história
feita de histórias? Poderíamos compreender a acção por uma simples descrição
dos factos?
Segundo Arendt, a
acção começa sempre algo de novo e traduz o carácter de ser único que é o
indivíduo. É todo um programa, porque isso excluiria todo o movimento psico-mecânico,
como, por exemplo, o pânico ou o entusiasmo duma multidão.
Num tempo em que a
nossa acção parece cada vez mais condicionada por todo o género de influências “subliminares”,
mas, sobretudo, pelos grandes aparelhos de controlo social, como a publicidade
e a televisão, a ideia revela o quanto deve à concepção clássica do herói como
protagonista por excelência do político.
Sabemos como os
Antigos se inspiravam em histórias extraordinárias que preencheram os vários
ciclos da mitologia. A Revolução francesa, por exemplo, não teria sido o que foi
sem as histórias de Plutarco e dos clássicos latinos.
Por isso, não seria
abusivo completar aquela noção de que a acção produz histórias com o seu
reverso. As histórias também produzem (no sentido de que motivam) a acção. E
não se vê como uma ideia abstracta pode competir com uma história no que
respeita à motivação. As histórias são, para nós, a apropriação mais adequada
do tempo.
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