sexta-feira, 13 de maio de 2011

HISTÓRIAS




“(…) é porque a acção se encontra inscrita nesta rede (de relações e actos discursivos) que sempre produz histórias.”

(Jacques Taminiaux, citando Hannah Arendt)




E não é a história feita de histórias? Poderíamos compreender a acção por uma simples descrição dos factos?

Segundo Arendt, a acção começa sempre algo de novo e traduz o carácter de ser único que é o indivíduo. É todo um programa, porque isso excluiria todo o movimento psico-mecânico, como, por exemplo, o pânico ou o entusiasmo duma multidão.

Num tempo em que a nossa acção parece cada vez mais condicionada por todo o género de influências “subliminares”, mas, sobretudo, pelos grandes aparelhos de controlo social, como a publicidade e a televisão, a ideia revela o quanto deve à concepção clássica do herói como protagonista por excelência do político.

Sabemos como os Antigos se inspiravam em histórias extraordinárias que preencheram os vários ciclos da mitologia. A Revolução francesa, por exemplo, não teria sido o que foi sem as histórias de Plutarco e dos clássicos latinos.

Por isso, não seria abusivo completar aquela noção de que a acção produz histórias com o seu reverso. As histórias também produzem (no sentido de que motivam) a acção. E não se vê como uma ideia abstracta pode competir com uma história no que respeita à motivação. As histórias são, para nós, a apropriação mais adequada do tempo.

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