"La journée de la jupe" (2008, Jean-Paul Lilienfeld) |
Sonia Bergerac (uma
Adjani irreconhecível) é professora, numa escola secundária problemática, onde as
tensões étnicas e culturais completamente desacreditam a metodologia oficial.
No decurso dum
comentário teatralizado sobre o “Bourgeois Gentilhomme”, que é visivelmente
intragável para a jovem e enervada tribo, a violência explode e Sonia descobre
uma pistola no saco dum dos alunos. A partir daí, a professora consegue exercer
um controle eficaz e levar até ao fim a sua aula sobre Molière.
Entretanto, a polícia
que foi chamada pelo reitor cedo se apercebe que em vez do sequestro da
professora pelos alunos (realidade não nomeada e fantasma da escola moderna) é
o contrário que se passa.
Sonia reivindica um dia nacional da saia, que só se compreende
naquele contexto de sexismo militante de origem religiosa. A ministra da
Educação que acompanha, na escola, as negociações, pensa, pelo contrário, que o
direito de usar calças foi conseguido pelas mulheres ao cabo de uma longa luta.
A polícia convoca os pais de Sonia e então ficamos a saber que ela própria é
uma “integrada”, uma razão de sobra para insistir em Molière. O pai convence-a
a entregar a arma, mas um aluno, vítima natural do bullying
não perde a oportunidade para “tomar o poder”, apoderando-se da pistola e
desfechando um tiro num dos seus abusadores.
Os polícias,
disfarçados de jornalistas, entram na sala e um deles, com uma arma escondida
na câmera, abate a professora aterrorizada só porque tinha a arma na mão.
Com motivação ou sem
ela, não se pode ensinar o quer que seja sem disciplina. A disciplina está para
o ensino, como a segurança está para a liberdade e a política. Muitas vezes, a
disciplina é a única coisa que se aprende, e não é pouco.
A imagem dum
professor armado para ensinar é de tal modo provocante que admira que um filme
destes não tivesse sequelas nem desse lugar ao debate que se impõe.
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