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“Os
que compõem solfa também entram no número dos letrados e são ‘eruditos
harmónicos’”
Luís António
Verney (Cartas)
O desenvolvimento lógico
desta cultura que é a mesma que nos tornou num país de doutores de “solfa”,
muito antes de ter sido contestado um certo curso de engenharia, tinha que
acabar na “erudição” universal.
A crise veio atirar
os bons e os maus para as filas do desemprego ou para a desqualificação
profissional, e uma conjuntura política e tecno-cultural veio expor o estado da
“arte”. A destruição da língua por certos média que limitam o tempo e o espaço
da comunicação contribui para a “afasia” social de muitos jovens e está,
decerto, ligada à caricatura dos movimentos cívicos que têm surgido nos últimos
tempos ou ao estado-zero da auto-estima nacional que foi a nossa representação
num festival da canção na Alemanha. Helena Matos, no “Público” de há dias,
compara o denominado “É o povo, pá” à guerra de 1908 de Solnado, “infelizmente, sem Solnado.”
Parece que nos
tornámos no país do “Contra-Informação” (programa virtualmente descontinuado) e
que os “bonecos” substituíram as pessoas.
Os problemas da
educação, educação que, segundo Mc Luhan, deveria, precisamente, corrigir os
efeitos dos média (que é ingénuo ver apenas pelo lado do progresso que
significam), não explicam por si sós o fosso que se criou entre a política e a juventude,
cujas formas “originais” de fazerem a sua estreia parecem destinar-lhe o papel
de coveiro, mas revelam que a cultura está no centro da presente crise.
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