sábado, 21 de maio de 2011

ERUDITOS HARMÓNICOS

(http://4.bp.blogspot.com)



“Os que compõem solfa também entram no número dos letrados e são ‘eruditos harmónicos’”

Luís António Verney (Cartas)



O desenvolvimento lógico desta cultura que é a mesma que nos tornou num país de doutores de “solfa”, muito antes de ter sido contestado um certo curso de engenharia, tinha que acabar na “erudição” universal.

A crise veio atirar os bons e os maus para as filas do desemprego ou para a desqualificação profissional, e uma conjuntura política e tecno-cultural veio expor o estado da “arte”. A destruição da língua por certos média que limitam o tempo e o espaço da comunicação contribui para a “afasia” social de muitos jovens e está, decerto, ligada à caricatura dos movimentos cívicos que têm surgido nos últimos tempos ou ao estado-zero da auto-estima nacional que foi a nossa representação num festival da canção na Alemanha. Helena Matos, no “Público” de há dias, compara o denominado “É o povo, pá” à guerra de 1908 de Solnado, “infelizmente, sem Solnado.”

Parece que nos tornámos no país do “Contra-Informação” (programa virtualmente descontinuado) e que os “bonecos” substituíram as pessoas.

Os problemas da educação, educação que, segundo Mc Luhan, deveria, precisamente, corrigir os efeitos dos média (que é ingénuo ver apenas pelo lado do progresso que significam), não explicam por si sós o fosso que se criou entre a política e a juventude, cujas formas “originais” de fazerem a sua estreia parecem destinar-lhe o papel de coveiro, mas revelam que a cultura está no centro da presente crise.  

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