terça-feira, 3 de maio de 2011

O PARECER

Bernard Lamy (1640/1715)


“O interior do homem manifesta-se no seu exterior, o qual parece diferente segundo a maneira como é olhado. Por isso, é preciso, para edificar o povo, dominar a arte do parecer e por vezes ‘não apresentar as coisas tais como são, mas tal como parecem’

(Benoît Timmermans, citando Agostinho)



Será isto mentir ou traduzir? Para sermos entendidos, devemos adaptar a nossa linguagem de acordo com o auditório. Um cientista tem de “trocar por miúdos” para que o leigo o compreenda, mesmo que com isso diminua o alcance do que diz.

Se há coisas complexas, o social é, certamente, uma dessas coisas, e é aí que a economia se compreende, se quisermos passar dos modelos matemáticos para a realidade. É, assim, natural que os que se dizem especialistas do social falem no chamado “economês”. Eles dominam a “arte do parecer” e parecem tão completamente que se esquecem, muitas vezes, do que as coisas são.

Um retórico do século XVII, Bernard Lamy, dizia que essa arte (a inventio retórica) era “perigosa para as pessoas que têm apenas um pequeno saber, porque elas se contentam com estas provas que facilmente se encontram e não se dão ao trabalho de procurar outras que sejam mais sólidas.”

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