“Daí
que pouco juízo e grande prejuízo tornem inúteis todos os seus tesouros.”
(Luís António
Verney, Carta de 17/7/1765)
O completo fim do
juízo (o “Juízo Final” segue dentro de momentos) foi o falso enterro do PEC IV e
uma oposição unida na santa-aliança anti-socrática.
A política é,
forçosamente, um terreno de contradições. Só escapam aqueles que se remetem a
um silêncio sisudo, mas Manuela Ferreira Leite sentiu na pele que, mesmo não
falando, o ventríloquo nunca se cala.
A diferença é que,
parece que Sócrates se contradiz mais do que os outros e, como Maquiavel era
demasiada honra, preferem chamar-lhe “troca-tintas”. Paradoxalmente, o
menosprezo é acompanhado duma diabolização que só pode engrandecer o ego do
homem. Porque Diabo não é quem quer…
Nós poderíamos ter
todas as qualidades e, mesmo assim, cair na armadilha da Banca XXX (como na
pornografia). E a democracia tem um vício, denunciado já por Platão, que é a
demagogia (se é a vontade do povo…). Não se pode esperar dum governo eleito que
seja o tutor do seu povo, nem que o trate como os banqueiros o trataram com o
isco do crédito fácil. A democracia não presume que o povo seja uma criança, a
quem é preciso mentir ou contar histórias da carochinha, mas, pelo contrário
que ele, o povo, é o soberano.
Não culpem, pois, os
governos por, principalmente em tempo de eleições estarem sempre do lado da “cigarra”
da fábula, mais os seus falsos amigos, empresários do seu canto.
Parece, então, que fazem
falta, mais do que democratas (no sentido de fazerem sempre o que a demagogia
aconselha, quer ela venha dos banqueiros, dos lobbies profissionais, ou do povinho
eleitor), homens de visão e com uma ideia para a nação como um todo, com passado,
presente e futuro. Porque a democracia continua a ser “o menos mau dos regimes”.
De resto, vamos
entrar, para mal dos nossos pecados, num período de suspensão da democracia. Se
chamámos o cirurgião, não é para ficarmos inteiros, nem para fazer o que nós
queremos.
0 comentários:
Enviar um comentário