sexta-feira, 29 de abril de 2011

A MELHOR DEFESA É O ATAQUE




É uma ideia de Kant a de que têm maior força de convencimento as “teorias filosóficas dogmáticas” que refutam outras teorias do que aquelas que se justificam a si mesmas.

Não podemos pensar, neste caso, no conceito de refutabilidade das teorias científicas tal como foi definido por Popper, porque seria simplesmente lógico que uma teoria refutada tivesse menos força do que outra que ainda não o tivesse sido. E porque Kant se refere expressamente a uma dogmática. Em princípio, os dogmas não se discutem e são objecto de crença, por isso a refutação de que fala Kant não é uma verdadeira refutação. Corresponde , por exemplo, a um “ataque” político às posições defendidas por um adversário.

Mas então por que é que as oposições não são sempre mais convincentes do que os governos? Eu diria, por um lado, que a força dessa crítica ou ofensiva “dogmática” encontra, fora das situações de crise, o seu antídoto numa natural resistência à mudança por parte do eleitorado, e que, por outro, nem todos os governos de justificam. Só quando isso acontece, é que as “teorias dogmáticas” do governo são mais fracas do que as daqueles que o atacam. É por isso normal que, em vez de se justificarem, os governos simplesmente contra-ataquem.

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