É uma ideia de Kant a
de que têm maior força de convencimento as “teorias filosóficas dogmáticas” que
refutam outras teorias do que aquelas que se justificam a si mesmas.
Não podemos pensar,
neste caso, no conceito de refutabilidade das teorias científicas tal como foi
definido por Popper, porque seria simplesmente lógico que uma teoria refutada
tivesse menos força do que outra que ainda não o tivesse sido. E porque Kant se
refere expressamente a uma dogmática. Em princípio, os dogmas não se discutem e
são objecto de crença, por isso a refutação de que fala Kant não é uma
verdadeira refutação. Corresponde , por exemplo, a um “ataque” político às
posições defendidas por um adversário.
Mas então por que é
que as oposições não são sempre mais convincentes do que os governos? Eu diria,
por um lado, que a força dessa crítica ou ofensiva “dogmática” encontra, fora
das situações de crise, o seu antídoto numa natural resistência à mudança por
parte do eleitorado, e que, por outro, nem todos os governos de justificam. Só
quando isso acontece, é que as “teorias dogmáticas” do governo são mais fracas
do que as daqueles que o atacam. É por isso normal que, em vez de se
justificarem, os governos simplesmente contra-ataquem.
0 comentários:
Enviar um comentário