domingo, 24 de abril de 2011

A FORÇA DO CASINO



“Chi è quel grande, che non par che curi l’incendio?”
“A Divina Comédia” (Dante)


Por certo, um economista. Eles sabem o caminho por onde vamos e o fim que nos espera. Já foram muitas as vezes que nos anunciaram o que aí vinha e que alertaram o governo, que fez orelhas de surdo.

Mas o espectáculo que essas vozes críticas nos oferecem quando passam da oposição ou da “cátedra” para o governo é-nos por de mais familiar, porque eles, lá chegados, só sabem fazer o que os outros fizeram até ali.

O governo, entre nós, mesmo o mais bem intencionado, administra a crise, a pressão dos interesses instalados e dos grupos mais organizados ( os quais, por exemplo na CP, com o seu cíclico programa de greves até se pode dizer que co-governam). Foi assim que a dívida cresceu o dobro do que cresceu o PIB. Os administradores não têm tempo nem fôlego  para mais, por  muito exorcismo que praticam os que estão de fora.

Governar é cortar um nó a seguir a outro, sem pensar naqueles a quem se devem os cargos. Será, então, possível ir tão longe contra o que parece o espírito da democracia?
Mas a nossa liberdade não é sempre escolher entre uma coisa boa e uma coisa má. Muitas vezes o dilema é entre duas coisas desigualmente más.

Por não se ter ido contra a lei da demagogia, vamos ter de violar mais seriamente a democracia, entregando-a a uma tirania externa ordenada pelos donos do casino que nos trouxe até aqui.

0 comentários: