A Adoração dos Pastores (Lorenzo Lotto) |
A virgem e os
pastores, com S. José na sombra e dois anjos que testemunham a cena, formam uma
abóbada de fatus
sobre o que parece uma brincadeira de criança, mas que, na verdade, é o símbolo
do sacrifício pascal. O cordeiro presta-se à manipulação do bebé, ao mesmo
tempo que projecta uma sombra no seu rosto.
Ao contrário do que
acontece com um bebé verdadeiro (este seria a pomba estúpida de que fala Alberto
Caeiro), o seu jogo e as risadas que podemos imaginar não desanuviam a fronte
dos assistentes. É como se diante do menino e do manso animal estivessem todos
a ver a Cruz.
O olhar deles vem do
futuro e anula aquela infância e aquele tempo de crescer. A gravidade do futuro
sucede sem interrupções à gravidez da Virgem. Tudo é símbolo, tudo é real, mas
nada é actual.
0 comentários:
Enviar um comentário