Entre centenas de veneráveis
fragmentos, na parede daquele ocre avermelhado tão característico da urbe
romana, o número 349 que mostra quase só o rosto de dois putti
com as asas despontando e aquele gesto de ternura que não me recordo de ter
visto em mais lado nenhum, na espécie dos anjos.
Por um lado, esse
afago nada tem de infantil e parece testemunhar duma amizade bem terrena, mas,
por outro, se nos lembrarmos de que o deus do amor, filho de Vénus e de Marte,
era representado como uma criança, o gesto já nos parece narcísico.
Nos destroços
alinhados do claustro de San Lorenzo Fuori Mura, de frisos, estátuas e
sarcófagos, o fragmento parece desafiar o seu estatuto de ruína e empolga-nos
imediatamente numa corrente de vida.
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