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“A
pior parte desta história é que estas decisões fundamentais sobre política
económica são tomadas por uma pequena e secreta clique operando largamente fora
do escrutínio público. As decisões do banco central sobre os juros terão
provavelmente mais impacto no emprego e no crescimento do que qualquer das
políticas interminavelmente debatidas em parlamentos eleitos.”
“The tiranny of the Central Banks” (Dean Baker in “Real-World
Economics”)
Baker prossegue
atribuindo esta situação, em larga medida, aos próprios políticos que “estabeleceram estruturas institucionais que
colocaram os bancos centrais fora do controlo democrático”, ao ponto de “em muitos países, eles se terem tornado
ainda mais independentes do que o sistema judicial.”
O conhecimento (ou o
pseudo-conhecimento), a linguagem codificada, os protocolos (o desconhecimento
da etiqueta condenaria ao ridículo, na Versalhes do Rei-Sol, o mais digno e
mais honesto dos cidadãos) têm sempre a mesma função, ao mesmo tempo técnica e político-social de segregação.
Mas a alta finança e
a casta que joga no casino bancário ficaram tão expostas nesta crise
internacional que se criou uma situação perigosa para todos. Só falta que a
demagogia identifique essa casta com uma religião ou uma raça.
Mesmo a esquerda que
se quer radical parece ter abandonado os chavões sobre o capitalismo (palavra
que já pode servir para os “dois” sistemas), para denunciar os “mercados” e a
Banca, e por todo o lado é, cada vez mais, a mesma coisa.
É a hora da verdade para
as democracias que conhecemos. O poder do povo nunca se mostrou tão retórico e
vazio de conteúdo. Como diz Cassirer, se calhar por causa da velocidade em que
vivemos, não nos soubemos libertar dos mitos políticos arcaicos que nas grandes
crises poderão fazer de novo retrogradar a civilização.
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