“A
partir daí, Pilatos procurava libertá-lo. Mas os judeus clamavam: - Se soltas esse homem, não és amigo de César;
todo aquele que se faz rei declara-se contra César.”
(Evangelho
segundo S. João)
A réplica de Jesus
que fez o procurador mudar de ideias foi esta: “- Não terias nenhum poder sobre mim se não te fosse dado pelo Alto.
Por isso, quem me entregou a ti tem maior pecado.”
Com estas palavras,
Jesus revela-se, aos olhos de Pilatos, um igual, embora numa posição
desfavorável. Cada um respeita uma hierarquia que limita a sua liberdade. Mas,
no caso do Nazareno, existe uma ambivalência. Porque o “Alto” parece justificar
o poder do procurador, ao mesmo tempo que Pilatos é considerado pecador.
Podemos discutir se a
multidão tem poder ou se apenas é uma força. Não importa, quer o romano, quer a
turba dos judeus têm culpa, se bem que a desta seja maior do que a daquele.
Não é enquanto exerce
o poder que Pilatos é culpado, porque esse poder é “legítimo” (vem-lhe do Alto).
Ele é culpado por deixar que esse poder seja influenciado no “mau” sentido (mas
no sentido do que “está escrito”). Peca por “lavar daí as suas mãos”. Quanto aos judeus, são os maiores
pecadores por não respeitarem a hierarquia que está por detrás do poder romano.
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