sábado, 21 de janeiro de 2006

A PACIÊNCIA DE KUTUZOV



Mais uma vez a Comunicação nos vem lembrar de que há uma ameaça a pairar sobre o Ocidente. Esta maiúscula já permitiu atrocidades como a de Atocha e não há razão para essa situação ter mudado.

Temos, assim, o oceano da civilização técnica (o humanismo é cada vez mais uma estética) que, partindo do começo grego inundou pouco a pouco o planeta. Nem a China que, não o esqueçamos, já foi beber aos filósofos alemães, parece ter encontrado na sua tradição milenar o antídoto necessário. Todos se podem matar uns aos outros, concorrer e lutar pelos seus interesses, mas não deixam de prestar o mesmo culto à matemática.

E existe um continente que teima em manter-se à superfície, preservado pela sua religião, que nunca conheceu a crítica, e por uma economia com muito passado e pouco futuro: o Islão.

Esta não é uma situação de guerra que deva acabar pela aniquilação duma das partes, mas é uma situação de perigo iminente (e existe pelo menos desde a bomba atómica).

O Islão (passe o abuso da maiúscula) não se confronta com outra religião, mas com um conjunto de culturas a caminho da completa secularização e à procura duma essência.

Esta é a fraqueza dos seculares face ao fanatismo, mas, na verdade, muito mais a razão da sua força a qualquer prazo.

O fundamentalismo religioso não resistirá à abertura da comunicação, nem ao desenvolvimento económico tal como este aconteceu até agora.

Mas querer forçar o passo dá coisas como a actual democracia no Iraque.

A impaciência sempre foi apanágio dos fracos e dos violentos e sabemos que nem uma democracia está a salvo de se tornar violenta pela simples infusão da força e do poder.

Como contra-exemplo, poderíamos pensar em Kutuzov, o general de Tolstoi que se aliou ao Inverno para vencer um exército de meio milhão.

Contudo, é verdade que o tempo deste cenário virtuoso pode faltar.

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