sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

A NUDEZ DO TRIBUNO


Um tribuno romano


Esta campanha teve uma novidade.

Parece que se tornou de súbito visível, como num precipitado, a fragilidade das chamadas candidaturas tribunícias.

E há quem questione já a sua inconsequência e a sua falta de ética.

A verdade é que esses candidatos sabem, e toda a gente sabe, que não têm qualquer hipótese de virem a ser eleitos.

Isso permite-lhes entrar no jogo com a aparência duma vantagem: a de não poderem vir a ser responsabilizados pelo que eventualmente prometam. Mas esse trunfo não é real, porque ninguém os poderá levar a sério e significa, efectivamente, uma quantidade apreciável de ruído no espaço público. Também por isso, os candidatos mais honestos se limitam a criticar, sem descerem a fazer promessas.

Apesar desta fragilidade, não se pode negar o valor essencial da crítica livre em democracia e da denúncia do que legitimamente se possa considerar um embuste do eleitorado ou o seu prejuízo.

É, de resto, esse o único motivo válido.

O que produz esta mescla de bons e de maus motivos que no fundo é desprestigiante para a política é a existência dum poder exterior aos partidos, mas do qual eles dependem cada vez mais: a televisão (e, em menor grau, os outros meios de comunicação).

No entanto, o remédio para esta praga parece simples. Bastaria que a lei facultasse a todas as forças organizadas o direito de antena (se necessário, por sorteio), para o exercerem a favor ou contra as candidaturas, sem que tivessem que ter o seu próprio peão no tabuleiro.

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