quinta-feira, 5 de janeiro de 2006

O FLATO DA EUROPA


Charles de Gaulle (1890/1970)


"Por que não nos assumirmos como somos e vermos no fanático um irmão perdido, como o vemos no doente ou num terrorista? Não terão o místico e o agnóstico os mesmos neurónios e as mesmas angústias? Se nos é permitida a trivialidade: "Toda a gente crê, como toda a gente pensa, e mija. Mas podemos crer sem dar por isso, ao passo que não podemos mijar nas calças sem nos apercebermos."

"O Fogo Sagrado" (Régis Debray)


A teoria de Debray explica a fraqueza do ideal europeu pela falta de fé e de coesão.

Isso é assim porque a ideia de unidade é demasiado abstracta e não concorre com o particularismo das línguas e das culturas, que esse tem uma história de raízes arrancadas e conservadas.

O problema é saber se a transfusão de vida de que a Europa carece se pode alcançar pela via do alargamento e da abertura, como se em princípio, nada obstasse a que todo o planeta se tornasse europeu, através de conversões sucessivas ao cânone da nossa civilização judeo-greco-cristã.

Ou se o caminho a seguir deveria ser outro: o do recentramento e da delimitação de fronteiras da identidade. E se essa concentração se pode fazer sem ser por uma necessidade de segurança e debaixo das pulsões básicas do religioso.

A França, com de Gaulle, teve a intuição desse Outro da Europa, suficiente próximo, porque da mesma matriz, contra o qual, dentro dum contexto de paz, definir as diferenças fundamentais num modelo aglutinador: os E.U.A.

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