"Lolita" (1962-Stanley Kubrick)
Quando, na "Lolita" de Kubrick, a mãe Haze, tendo-se fechado à chave, lê o maldoso diário de Humbert Humbert, este, do outro lado da porta, para "deitar água na fervura", diz que aquilo não é para ser tomado à letra e que a literatura é mesmo assim.
No que, até certo ponto tinha razão, visto que as pessoas e a vida real são sempre pretexto na literatura, perdendo o corpo e a substância, como as sombras a que se dirige Ulisses nos Infernos.
Esta é uma traição sem a qual não se poderia escrever e que é maior do que a da tradução.
Tirando isso, HH era um hipócrita que não tinha a desculpa da literatura, e o seu diário era apenas o espaço de que precisava para o corpo a corpo sufocante no caminho da ninfa.
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