domingo, 15 de janeiro de 2006

AS LARVAS DO FUTURO



Os sinais de loucura na paisagem urbana inquietam-me para além do que desejaria.

Procuro deslindar o segredo desse desarranjo íntimo.

Por exemplo, o lixo, os Destak e os outros gratuitos que se abandonam em qualquer sítio, para o vento ler, as pichagens de todo o tipo, desenhadas, ou na forma de garatuja invasora, por todo o lado, tudo é suporte para alguém gritar o seu pequeno ego nas encruzilhadas.

Ora, a convivência com os loucos, com o espectáculo da loucura era natural na Idade Média. Os razoáveis decerto tiravam disso um suplemento de crença. Até que a loucura foi encerrada e ficou longe da vista.

Ainda não sabemos o que perdemos com esta dependência dos testemunhos indirectos, através da arte e da informação.

Mas agora ela parece estar de volta nas paredes. Um pouco mais de intensidade e todos ganham consciência da sua natureza.

O que me inquieta, talvez sejam simplesmente as larvas do futuro.

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