"Breve encontro" (1945-David Lean)
Em "Breve encontro", de David Lean, admiro, entre outras coisas, a cena na carruagem com a amiga tagarela, cuja matraca deixa de se ouvir para dar lugar ao solilóquio da mulher que se confronta com a paixão e que precisa de ficar só. Depois a outra voz ressurge, numa boca do tamanho do ecrã, e é como se pela boca morresse a inteligência.
E gosto do artifício da narração: esta mulher que, ao contrário de Ana Karenine, não se atira à linha do comboio, imagina contar a um marido bondoso e compreensivo e que a ama (em tudo o oposto do sr. Karenine) aquilo que nem dali a um milhão de anos lhe poderá contar.
Não há tragédia, como em Tolstoi, o que não estaria bem com o 2º concerto de Rachmaninov.
Apenas a melancolia do novo mundo amoroso.
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