Na última cena de "Providence" (Alain Resnais, 1977),
o velho escritor (John Gielgud) despede-se da família e da vida erguendo a
última taça de vinho. É o momento dum triunfo literário sobre o seu cancro nos
intestinos.
Sabemos, desde o início, que estamos
para lá do "no trespassing"
do Xanadu de "Citizen Kane",
porque aquela é a matéria da sua escrita na qual se "manipula" a
história familiar e tenta extrair das personagens o seu segredo, seja a
rivalidade entre os irmãos ou a infidelidade do mais velho (Dirk Bogard) e a
sua impaciência perante o naufrágio paterno que se arrasta.
O romance torna-se, assim, o exercício
do poder patético dum moribundo sobre os vivos e futuros juízes da sua arte de
iludir a morte.
Aquele final tranquilo nos jardins,
com a família como que descendo do pódio
depois do régio "Let there be no
kisses, nor touch" dum pai entronizado é a sua última vaidade.
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