Henri Barbusse |
Depois de ler, no "Expresso", a entrevista de António Pinho Vargas, em que ele fala da situação dos criadores de música "contemporânea", divorciados da sociedade e dependentes das instituições culturais, como outrora os compositores o estavam dos príncipes, deparo-me com esta citação de Henri Barbusse, incluída na vida de Picasso de Wilfried Wigand: "O florescer da pintura contemporânea em França tem como primeiro objectivo a criação de valor para os negociantes de arte, como acontece com os proprietários de minas, caminhos de ferro e bancos."
A "Cultura" ao mesmo tempo que presta uma homenagem ao espírito criativo, salvando esses compositores, nem que seja por um único contacto com um avatar do público, de inteiramente comporem "para a gaveta", não é menos interessada do que aqueles negociantes que até podiam execrar a pintura do malaguenho, mas não deixavam de se entregar à "acumulação primitiva" adquirindo os seus quadros para os chorudos negócios do futuro.
Tais "homenagens" geralmente configuram um período de decadência. É o que se passa com o investimento das câmaras municipais em vistosas bibliotecas numa altura em que os leitores se procuram à lupa.
Embora tudo isto seja um sinal dos tempos de mudança tecnológica, é-o também das debilidades da nossa democracia. Os produtos formatados para as massas, que têm além do mais o inconveniente de obedecerem à norma do império anglo-saxónico, condenam o que é mais genuíno e mais relevante para o espírito a uma espécie de sequestro.
Nos EUA, parece que só há democracia com campanhas milionárias. A arte, entre nós, tem a mesma fraqueza.
A "Cultura" ao mesmo tempo que presta uma homenagem ao espírito criativo, salvando esses compositores, nem que seja por um único contacto com um avatar do público, de inteiramente comporem "para a gaveta", não é menos interessada do que aqueles negociantes que até podiam execrar a pintura do malaguenho, mas não deixavam de se entregar à "acumulação primitiva" adquirindo os seus quadros para os chorudos negócios do futuro.
Tais "homenagens" geralmente configuram um período de decadência. É o que se passa com o investimento das câmaras municipais em vistosas bibliotecas numa altura em que os leitores se procuram à lupa.
Embora tudo isto seja um sinal dos tempos de mudança tecnológica, é-o também das debilidades da nossa democracia. Os produtos formatados para as massas, que têm além do mais o inconveniente de obedecerem à norma do império anglo-saxónico, condenam o que é mais genuíno e mais relevante para o espírito a uma espécie de sequestro.
Nos EUA, parece que só há democracia com campanhas milionárias. A arte, entre nós, tem a mesma fraqueza.
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