domingo, 22 de janeiro de 2012

A FRAQUEZA DE PIERRE



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"(...) 'além disso,' pensou, 'todas essas 'palavras de honra' são coisa convencional, sem significado definido, especialmente se uma pessoa considerar que amanhã pode estar morta ou que alguma coisa de tão extraordinário poderá acontecer que a honra ou a desonra serão tudo o mesmo.' Pierre, era muitas vezes indulgente com reflexões deste género que anulavam todas as suas decisões e intenções. E foi a casa de Kuragin."




"Guerra e Paz" (Leão Tolstoi)




Tolstoi considera a personagem ( sem dúvida com alguns traços dele próprio, em relação, por exemplo, ao seus instintos "genesíacos") como uma pessoa fraca. Mas é Pierre que procurará, em vão, um ideal na loja maçónica e que vai conceber o plano de assassinar Napoleão.


A promessa feita ao príncipe André era pouco mais de uma palavra para quem tinha uma tão pobre ideia de si próprio para opor à força dos seus maus hábitos.


Não tinha, como Dolohov, apesar deste ser pobre, a paixão do orgulho a imprimir-lhe uma direcção. A virtude não se planta no ar, e o que Pierre fizera de si era terreno mais propício a deixar-se conduzir por uma vontade mais forte e a cair na armadilha do seu casamento com a mais fútil das mulheres do seu meio.


Por este exemplo se vê que há paixões úteis (ou tornadas úteis, como diria o Descartes do "Tratado"). E a fraqueza desta personagem resulta de, até ali, ter feito tudo o que queria (regressara, havia pouco, do estrangeiro) e de ter as anémicas paixões de quem nunca encontrou resistência.


1 comentários:

bettips disse...

Ando com ele... exactamente este clássico da BBC.
Saudações (há que tempos não passav aqui!)