"A palavra "auctoritas" deriva do verbo "augere", "aumentar", e o que a autoridade ou aqueles que comandam aumentam constantemente é a fundação.
(Hannah Arendt)
A democracia previne-se desse aumento "automático" da autoridade com eleições livres e a liberdade de expressão, e essa é uma das causas por que os valores da fundação (no caso de Roma, como diz Arendt, a expressão "ab urbe condita" designa a origem do poder patrício) perderam quase toda a importância.
Como não se pode prescindir de toda a autoridade, o "banho lustral" do voto popular abastece desse carisma as principais funções do Estado.
Onde a autoridade tradicional perdeu o crédito, mas mais na escola do que na família, porque nesta actua, naturalmente, o princípio da fundação (é por isso que um pai ausente não tem autoridade), não há eleições nem palavra que lhe valham. Musil lembra o facto de que "é muito mais tranquilizador simplesmente procurar as leis (ou a tradição) do que o próprio as ter de criar, como é o caso da moral e da jurisprudência."
A crise da cultura que vivemos é o sinal desta nova insegurança.
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