"Passante do futuro, sabe que nós vivemos aqui como sub-homens, mas orgulhosos ainda assim por edificarmos um mundo que não conhecerá jamais o inferno da prisão."
Esta mensagem, entre muitas, foi gravada na rocha, em 1949, por um dos prisioneiros que escavaram uma montanha perto do lago Baikal (Jean Marabini).
Esses homens viviam já o futuro utópico que lhes aliviava as penas presentes. Viam a luz ao fundo do túnel. Essa esperança forneceu-lhes "o quarto de hora de heroísmo" necessária aos objectivos da produção. Mas o cinismo é retrospectivo, de quem sabe o que se seguiu e como acabou a experiência revolucionária, e não era decerto partilhado pelos "olheiros" da obra, nem pelo capataz-mor, no Kremlin.
É ainda o mesmo espírito dos chamados Processos de Moscovo que levou os acusados a confessarem uma culpa "objectiva". Num primeiro grau, sabiam que estavam inocentes, mas num segundo grau, condenava-os um silogismo da doutrina.
Este é um exemplo do poder impressionante das ideias. E são certas ideias que traçam o nosso destino e o duma Europa prisioneira de dois ou três dogmas.
1 comentários:
O poder delas é de tal forma que também ressuscitam.
Maria Helena
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