“Foi
a guerra à hipocrisia que transformou a ditadura de Robespierre em reinado do
Terror, e a característica deste período continua a ser a autodepuração dos
dirigentes.”
(Hannah
Arendt)
Essa característica
pode ver-se, por exemplo, no filme de Koji Wakamatsu “United Red Army” (2007),
em que os estudantes, ao mesmo tempo para se defenderem das infiltrações da
polícia e se emularem uns aos outros na dedicação exclusiva à causa
revolucionária, foram “canibalizados” pela ideia da pureza, ao ponto da própria
acção se ter tornado um pretexto para a purga permanente.
O pensamento
colectivo é sempre outra coisa que o pensar. Que um líder, pela certeza que
consegue transmitir, pela intransigência, muitas vezes apenas verbal, possa
transformar-se no único sujeito e na única vontade justifica que nalguns casos
se tenha falado em poder hipnótico. Mas o que está por explicar é o papel das
ideias nas operações deste poder. Há na adesão dos “hipnotizados” o mesmo tipo
de entrega e de “liberação” de quem, finalmente, encontrou o absoluto que
procurava… Como se para alguns de nós a consciência fosse um fardo por de mais
pesado e fosse urgente “depositá-la” nas mãos do primeiro de confiança.
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