terça-feira, 5 de julho de 2011

AMOR-ÓDIO

Joseph Goebbels


“Depois das suas entrevistas com Hitler, Goebbels termina frequentemente o seu diário com este grito saído do coração: ‘Meu Deus, como eu amo este homem!’ No dia seguinte à morte de José Estaline, o jornal ‘L’Humanité’ titulava: ‘O homem que mais amávamos.’”


(Fr. Jean-Michel Potin)


O poder não é só o afrodisíaco que dizem que é. No caso dos grandes ditadores, o amor-ódio que lhes dedicam as massas tem uma explicação psicológica que é a de  ninguém gostar de se sentir violentado ou de a todo o momento ter de reunir a força necessária para não desaparecer como ser social. Como nas doenças crónicas, o mais natural é que se adopte um “modus vivendi” que seja um compromisso com o mal físico e psicológico. Essa convivência pode, aliás, tornar-se uma necessidade, e a falta das suas “ferroadas” tornar-se sinónimo duma certa perda de identidade.

A ambiguidade dos sentimentos em relação ao líder é, por isso, virtual. Os súbditos prestam consciente e sinceramente o seu culto, e é só quando um grande movimento de opinião, com a sua eficaz normalização, que se percebe que o amor era também ódio.

A devoção do ministro de propaganda de Hitler, que o acompanhou nos suicídios do bunker em Berlim, não era, evidentemente, a mesma coisa. Havia no chefe tudo o que o pequeno Goebbels queria ser. E essa força demoníaca, como se vê, não o impedia de invocar Deus.

O culto da personalidade só é próprio dos órfãos.” (idem)

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