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O Crédito, por estes
tempos, anda nas bocas do mundo. Nunca o comum das pessoas teve um tal
vislumbre do seu papel na economia.
Quando sabemos que,
ao longo dos séculos (mas principalmente na era do capitalismo), os estados regularmente
se endividaram, isto é, viveram, em boa parte, do crédito, e que isso foi
essencial para se desenvolverem e para alguns países manterem o lugar de
potência mundial, como foi o caso da Inglaterra no século XIX e como o é dos
EUA, mais perto de nós, parece que o mundo enlouqueceu com as profecias (sempre
eficazes, porque o crédito depende duma coisa tão volátil como a opinião) de
menos de meia-dúzia de gabinetes de notação situados no centro do “império”.
O que é que se passou?
Por que é que não continua tudo na mesma? Porquê este súbito puritanismo em
relação à dívida? Por que é que não nos deixaram a nós, periféricos e
irrelevantes, prosseguir no caminho da
recuperação e do progresso, que apesar da dívida, ou, em parte, por causa dela, era real ( e que é, afinal, a situação de
muitos países e, especialmente, dos EUA)?
Entretanto, aconteceu
o “tsunami” dos subprime
e a falência de alguns gigantes do outro lado do Atlântico, catástrofe não
prevista por esses olheiros da especulação, “tsunami” que meteu à força um
pouco de senso nalgumas cabeças e que constituiu uma grande oportunidade para
os que conspiram contra o euro. Numa bela aliança, em que a mão direita ignora
o que a outra faz, inventaram um novo negócio que é o de ganhar dinheiro com o
risco das chamadas dívidas soberanas, sabendo-se que são eles mesmos (através
dos seus gabinetes) que avaliam e, logo,
provocam, até certo ponto, o risco que avaliam…
É preciso que os
políticos europeus sejam uma tropa de cegos conduzidos por outros cegos para
não verem onde tudo isto vai parar.
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