segunda-feira, 4 de julho de 2011

OS DEMOCRATAS



“Os actos do povo não são justos porque seriam a expressão de uma justiça do qual ele não seria mais do que o braço armado, são justos porque são os actos do povo, a expressão concreta da ‘vontade geral’”. (sobre os assassinatos de 2 e 3 de Setembro de 1792; O Livro Negro da Revolução Francesa)”



É um dos paradoxos da democracia. Quando se elege um "cabo austríaco", é porque o suicídio da própria democracia é permitido. Por isso, foram criados limites à doutrina da "vontade soberana", alguns, óbvios, como a protecção da minoria e a exclusão dos que não aceitam as regras do jogo.

Mas noutras circunstâncias, mesmo quando o jogo se joga dentro das regras, a soberania é menos um princípio do que um consenso. Não se vê como é que a coisa pública podia funcionar menos mal. É este seu carácter perfunctório que expõe a democracia aos mais graves perigos. Toda a gente é democrática, mas os democratas procuram-se com uma lanterna...

É que a menos má das soluções (é assim que hoje se defende a democracia) não tem força para ser um ideal. É como aquelas coisas a que só se dá valor depois de as perdermos.

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