“Os
actos do povo não são justos porque seriam a expressão de uma justiça do qual
ele não seria mais do que o braço armado, são justos porque são os actos do
povo, a expressão concreta da ‘vontade geral’”. (sobre os assassinatos de 2 e 3
de Setembro de 1792; O Livro Negro da Revolução Francesa)”
É um dos paradoxos da democracia.
Quando se elege um "cabo austríaco", é porque o suicídio da própria
democracia é permitido. Por isso, foram criados limites à doutrina da
"vontade soberana", alguns, óbvios, como a protecção da minoria e a
exclusão dos que não aceitam as regras do jogo.
Mas noutras circunstâncias, mesmo
quando o jogo se joga dentro das regras, a soberania é menos um princípio do
que um consenso. Não se vê como é que a coisa pública podia funcionar menos
mal. É este seu carácter perfunctório que expõe a democracia aos mais graves
perigos. Toda a gente é democrática, mas os democratas procuram-se com uma
lanterna...
É que a menos má das soluções (é assim
que hoje se defende a democracia) não tem força para ser um ideal. É como
aquelas coisas a que só se dá valor depois de as perdermos.
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