domingo, 31 de julho de 2011

O QUE VEM DEPOIS, PRIMEIRO

Orador romano


“O hysteron proteron é um dispositivo retórico no qual a primeira palavra-chave duma ideia se refere a qualquer coisa que vem temporariamente depois da segunda palavra-chave. O objectivo é chamar a atenção para a ideia mais importante, colocando-a em primeiro lugar.” (Wikipedia)


Um discurso preparado permite estas antecipações para captar a atenção daquele que ouve. Na vida corrente, isso não é necessário. O nosso interesse pode ser até o de nunca mencionar o mais importante, sem que a outra pessoa deixe de ter isso presente. E o que são as “segundas intenções” senão sobrepor o menos importante ao que queremos dizer?

O orador, em princípio, não nos diz nada de novo. Se pretender inovar ou apelar à nossa liberdade de pensamento, o mais provável é que não seja entendido. Um discurso partidário, por exemplo,  deve ser o mais “esperado” possível para que se opere no corpo da audiência uma espécie de fusão. Esse fenómeno é a coisa que mais se aproxima do unicórnio chamado “pensamento colectivo”, sendo uma pobre caricatura do pensamento e perigosa, ainda por cima, por ser uma força manobrável.

O que ora em nome do partido precisa muitas vezes de empregar o “hysteron proteron” para marcar o ritmo e concentrar os espíritos no mais importante.

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