Graham Greene (1904/1991) |
“Em
Julho de 1965, Greene teve uma audiência com o Papa Paulo VI. Disse ao Papa que
o “Poder e a Glória” tinha sido condenado pelo Santo Ofício. De acordo com
Greene, o Papa perguntou: ‘Quem é que condenou?’. Greene respondeu: ‘o Cardeal
Pizzardo’. Paulo VI repetiu o nome com um sorriso forçado e acrescentou:’Sr.
Greene, algumas partes do seu livro ofenderão certamente alguns católicos, mas
o senhor não deve prestar atenção a isso.”
“Graham Greene’s Vatican Dossier” (Peter Godman)
A atitude do Papa
perante o célebre novelista, vindo das hostes do protestantismo para o campo
dos católicos, é diplomática, como não podia deixar de ser. Começou por retirar
a cobertura “orgânica” ao pedir um nome. O colectivo que foi responsável pela
censura foi, assim, poupado.
Ninguém mais podia, é
certo, pôr-se acima do Santo Ofício. Mas fica-nos a impressão de que estamos a
lidar com um poder fraco e que, tal como os censores, mediu as consequências de
remeter “The Power and the Glory”
para o “Índex”, julgando, como eles, tal acto inútil e até prejudicial. Mais
valia desautorizar um subordinado, ao mesmo tempo que se afectava, muito
oportunamente, uma grande liberdade de espírito.
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