"Empty Hollywood Star" |
Suponho que na Roma
do império, o prestígio da cidade, os preconceitos e a distância cultivassem
nos cidadãos uma cegueira especial em relação aos outros povos. Se não fosse
pelas más razões consabidas, continuaríamos a ser conhecidos do outro lado do
Atlântico como uma província espanhola.
Não há povo mais
orgulhoso da sua pátria do que o americano. Tudo nela é abençoado, a começar
pelo dólar. Estando assim tão inebriados por si próprios, não é de admirar que
continuem a pensar, conforme foram doutrinados pela “guerra fria”, que o seu
sistema se não é o ideal, é pelo menos melhor do que todos os outros.
Não foi preciso ver o
documentário “Sicko”, no estilo tonitruante, mas eficaz, de Michael Moore, para
me intrigar a fatalidade com que os americanos se conformam com as desumanas
condições, para grande parte da população, do seu sistema de saúde, por exemplo.
Que o país mais rico da terra trate assim os seus, como se a lei da
sobrevivência do mais apto fosse um dogma religioso, é, sem dúvida, caso para
grande admiração.
Ao contrário dos
europeus e de muitos países de outros continentes, em que Hollywood fez o papel
dos missionários da colonização de Quinhentos, não houve nada de parecido nos
EUA como contrapartida disso. Eles não receberam nenhuma influência massiva do
exterior (tirando as guerras). Foram durante o século XX, como Roma, a cabeça
dum império (pelo menos cultural).
É esse isolamento,
essa auto-suficiência cultural e intelectual, e a sua relação assimétrica com o
resto do mundo que ainda hoje tornam possível que tantos americanos continuem a
aproximar o Estado Social europeu do comunismo e da falta de liberdade.
Os americanos podem
importar tudo da China e do Japão, mas nenhum destes países tem nada de
parecido com Hollywood.
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