quarta-feira, 20 de julho de 2011

O IMPÉRIO DE HOLLYWOOD

"Empty Hollywood Star"



Suponho que na Roma do império, o prestígio da cidade, os preconceitos e a distância cultivassem nos cidadãos uma cegueira especial em relação aos outros povos. Se não fosse pelas más razões consabidas, continuaríamos a ser conhecidos do outro lado do Atlântico como uma província espanhola.

Não há povo mais orgulhoso da sua pátria do que o americano. Tudo nela é abençoado, a começar pelo dólar. Estando assim tão inebriados por si próprios, não é de admirar que continuem a pensar, conforme foram doutrinados pela “guerra fria”, que o seu sistema se não é o ideal, é pelo menos melhor do que todos os outros.

Não foi preciso ver o documentário “Sicko”, no estilo tonitruante, mas eficaz, de Michael Moore, para me intrigar a fatalidade com que os americanos se conformam com as desumanas condições, para grande parte da população, do seu sistema de saúde, por exemplo. Que o país mais rico da terra trate assim os seus, como se a lei da sobrevivência do mais apto fosse um dogma religioso, é, sem dúvida, caso para grande admiração.

Ao contrário dos europeus e de muitos países de outros continentes, em que Hollywood fez o papel dos missionários da colonização de Quinhentos, não houve nada de parecido nos EUA como contrapartida disso. Eles não receberam nenhuma influência massiva do exterior (tirando as guerras). Foram durante o século XX, como Roma, a cabeça dum império (pelo menos cultural).

É esse isolamento, essa auto-suficiência cultural e intelectual, e a sua relação assimétrica com o resto do mundo que ainda hoje tornam possível que tantos americanos continuem a aproximar o Estado Social europeu do comunismo e da falta de liberdade.

Os americanos podem importar tudo da China e do Japão, mas nenhum destes países tem nada de parecido com Hollywood.

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