sábado, 30 de julho de 2011

OS ESTÁBULOS DO FUTURO




Ao almoço, num restaurante de Ovar, uma família numerosa. Várias conversas, à vez, se entretêm. O avô, ternurento, aperta o queixo do neto, sem que este distraia a sua atenção do jogo que segue com a irmãzita numa pequena consola. Que flagrante da nova família esquizoidal! 

Assim, a irrupção do pequeno aparelho, em que os parentes não vêem manifestamente um concorrente e, muito menos um inimigo, com que se acomodam, preparados pela tv-dependência, como, talvez, um direito das crianças à sua privacidade (ao seu mundo) e às suas inclinações naturais, divide irreversivelmente a célula social básica, com o diálogo entre as pessoas ganhando a tonalidade lívida dum comportamento do jurássico e o cérebro dos herdeiros “ligado” à grande indústria do “entertainment”. 

Estão ali, sem estar. Não aprendem nada com os mais velhos, que apenas os aborrecem quando interrompem o seu transe.

Preparam-se, quiçá, para o mundo adulto da tecnologia, para os empregos, para um futuro que, sem piedade, eliminará os tecnologicamente “atrasados”. Mas, como bárbaros, prontos a transformar as basílicas em estábulos.

0 comentários: