Pierre Bourdieu (1930/2002) |
Pierre Bourdieu (no
Dossier de “Le Monde Diplomatique”:”L’Amérique
dans les têtes”) falava de um imperialismo cultural americano, com uma
língua mundial e um conjunto de tópicos particulares à sociedade e às
universidades americanas que, sob uma aparência “deshistorizada”, se impunham a
todo o planeta.
Ora, esse
imperialismo simbólico atingiu nos últimos tempos uma fase paroxística, com a
entrada em cena das agências de rating.
Porque, ao contrário da estratégia subliminar que acabou, pouco a pouco, por
pôr todo o planeta a falar a mesma língua e a utilizar os conceitos da escola
americana do pensamento económico, esta crise equivale a um arrancar problemático
das máscaras. São boas notícias para os povos e para a reflexão sobre o futuro “global”.
O discurso dominante
em matéria económica e de gestão que, “fundado
na crença, mima a ciência” (…) “é
dotado do poder de fazer acontecer as realidades que pretende descrever,
segundo o princípio da profecia auto-realizante, está presente no espírito das
decisões políticas e económicas, e serve de construção das políticas públicas e privadas, ao mesmo tempo que de
instrumento de avaliação destas políticas.” (ibidem).
A “hubrys” das pítias americanas veio
revelar este facto surpreendente: o sistema deixou de controlar a sua imagem de
duplicidade, em que a moral se mistura com os negócios, sempre justificados por
uma sacrossanta e ideológica eficácia. É isso que está em causa com o levantar
da máscara. E o sistema já não serão tão eficaz se deixar de mentir e se se
apresentar com o seu próprio rosto.
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