sexta-feira, 8 de julho de 2011

OS JÚPITERES DA NINTENDO

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Nem os autores do Manifesto Comunista poderiam ter antecipado a situação actual. O “sistema”, na sua fase de simulacro financeiro, como diria Baudrillard (a finalidade do “financismo” é a de imitar a actividade financeira para lá de qualquer utilidade económica), tornou-se  “total”, convertendo tanto as relações sociais quanto as relações entre os estados em valor especulativo.

A produção de mercadorias estava ainda demasiado cativa do trabalho e da economia real para permitir a verdadeira abstracção, potenciada pela velocidade de circulação, à escala do planeta, uma nova idade colectora (ou de acumulação “primitiva”?) para os negociantes de signos monetários, em que a “natureza” são todos os outros.

A que distância ficou esse “último estádio” conhecido por imperialismo, sem dúvida porque a antiguidade romana foi o modelo dum poder geograficamente extenso! Agora, sem ocupação militar e sem declaração de guerra (mas não andamos longe disso), um qualquer gabinete de técnicos em financismo faz o papel de oráculo para os que, jogadores compulsivos, querem ganhar muito e depressa, oprimindo os povos, porque é a palavra, muito mais verdadeira do que eufemismo da austeridade que, outra vez, tanto parece ter a ver a virtude dos cônsules e legionários da grande época.

O mais surpreendente é que, de um momento para o outro, os países “fulminados” pelas agências de rating, cada uma brincando  com o raio, tal Júpiter da Nintendo, perderam a soberania (motivo que foi o de tantas guerras no passado) e a política doméstica passou a ser ditada pelos donos do grande casino, em que se tornou a “economia” global.

Uma invasão que faz pensar naquelas, invisíveis, de que falam alguns filmes de John Carpenter, apoderou-se dos países e das organizações internacionais, impondo-lhes o seu patoá financista e dominando os espíritos  através  da “dívida” que alguns mais avançados, ou os comprometidos, quando lhes convém, às vezes chamam de odiosa.

Por quanto tempo é que os povos consentirão neste “império” que repousa no poder abusivo de tão poucas cabeças?

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