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Nem os autores do Manifesto
Comunista poderiam ter antecipado a situação actual. O “sistema”, na sua fase
de simulacro financeiro, como diria Baudrillard (a finalidade do “financismo” é
a de imitar a actividade financeira para lá de qualquer utilidade económica),
tornou-se “total”, convertendo tanto as
relações sociais quanto as relações entre os estados em valor especulativo.
A produção de
mercadorias estava ainda demasiado cativa do trabalho e da economia real para
permitir a verdadeira abstracção, potenciada pela velocidade de circulação, à
escala do planeta, uma nova idade colectora (ou de acumulação “primitiva”?)
para os negociantes de signos monetários, em que a “natureza” são todos os
outros.
A que distância ficou
esse “último estádio” conhecido por imperialismo, sem dúvida porque a
antiguidade romana foi o modelo dum poder geograficamente extenso! Agora, sem
ocupação militar e sem declaração de guerra (mas não andamos longe disso), um
qualquer gabinete de técnicos em financismo faz o papel de oráculo para os que,
jogadores compulsivos, querem ganhar muito e depressa, oprimindo os povos, porque
é a palavra, muito mais verdadeira do que eufemismo da austeridade que, outra
vez, tanto parece ter a ver a virtude dos cônsules e legionários da grande
época.
O mais surpreendente
é que, de um momento para o outro, os países “fulminados” pelas agências de rating,
cada uma brincando com o raio, tal
Júpiter da Nintendo, perderam a soberania (motivo que foi o de tantas guerras
no passado) e a política doméstica passou a ser ditada pelos donos do grande
casino, em que se tornou a “economia” global.
Uma invasão que faz
pensar naquelas, invisíveis, de que falam alguns filmes de John Carpenter,
apoderou-se dos países e das organizações internacionais, impondo-lhes o seu
patoá financista e dominando os espíritos através da “dívida” que alguns mais avançados, ou os
comprometidos, quando lhes convém, às vezes chamam de odiosa.
Por quanto tempo é
que os povos consentirão neste “império” que repousa no poder abusivo de tão
poucas cabeças?
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