segunda-feira, 25 de maio de 2009

O UNIVERSO COMPROMETIDO


(Léon Bloy, 1846/1917)


"Escreve Bloy numa visita à Grande Cartuxa: 'a nossa liberdade é solidária com o equilíbrio do mundo, e é isto que é preciso entender se não se quer ficar ignaro do profundo mistério da Reversibilidade, que é o nome filosófico do grande dogma da Comunhão dos Santos. Todo o homem que produz um acto livre projecta a sua personalidade no infinito. Se ele der, contrafeito, uma esmola a um pobre, essa esmola trespassa a mão do pobre, cai no chão, atravessa o firmamento e compromete o universo...'"

"Sob um falso nome" (Cristina Campo)


A alma do crente não se encontra num mundo físico, ainda que com os seus insondáveis mistérios, dos universos dentro de universos e a falta dum fundo na descida ao mundo das partículas e sub-partículas.

O seu mundo é o mundo do sentido que o olhar de Deus percorre em todas as direcções. A liberdade não é, pois, o acto espontâneo duma vontade que vence todos os constrangimentos para seguir um destino pessoal, mas considerar-se a alma da natureza do próprio Deus.


A metáfora filial (somos todos filhos de Deus) significa que este "sangue" místico condiciona a questão da liberdade. Não faz sentido ser livre em relação a si próprio ou ao que é seu.

O pensamento, mais rápido do que a luz (porque não atravessa realmente o espaço) é o Atlas que sustém este universo.

A dúvida e a hesitação têm repercussões universais e a moeda, em vez de ficar na mão do pobre, rola neste espaço mental produzindo o caos.

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