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"'Eu estou a colher pequenos pedaços de informação como resultado de engrenar em cada uma destas tarefas, mas a profundidade do que eu obtenho, a qualidade da minha compreensão não é em lado nenhum tão boa como se me concentrasse numa só coisa'; disse ele. 'É essa a ideia básica.' Uma vez durante as nossas conversas, tristemente confidenciou-me a razão por que começou a disponibilizar-se para falar da multitarefa (multitasking): o seu filho de dezassete anos, Timothy, foi atropelado de frente e morto por um condutor distraído que passou o semáforo no vermelho numa noite de 1995."
"Distracted" (Maggie Jackson)
Nesta conversa com David Meyer (University of Michigan's Brain, Cognition and Action Lab), compreendemos a grande motivação do trabalho deste especialista. Isso não impede, como vimos acima, que ele no dia a dia não se comporte como tantos de nós, dispersando a sua atenção por várias coisas ao mesmo tempo e, como confessa, em prejuízo da atenção profunda. Assim, por exemplo, ter vários focos de interesse simultâneos num ecrã de televisão dividido e com a banda de notícias a correr em baixo significa que se absorve menos criticamente o que vemos e ouvimos e que facilmente comungamos com um vasto público essas ideias superficiais.
A multitarefa que há muito chegou às empresas é também um sinal da crescente desqualificação do trabalho, tanto mais alarmante quanto se tornou um modelo de eficácia e falsa versatilidade. Quando as consequências podem ter o significado que tiveram para David Meyer, temos motivos para preocupação.
Esta é a ideia taylorista triunfando não só na fábrica mas no nosso próprio quotidiano.
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