"O recrutamento dos 'sábios' pode parecer caprichoso. A autoridade que lhes é atribuída depende, com efeito, mais frequentemente da estrutura do 'campo mediático' do que da do domínio em que eles exercem as suas competências. Mas o estatuto real desses sábios não é aqui muito importante, já que são geralmente nomeados ad hoc, empurrados para a frente do palco em função daquilo que dizem ou daquilo que se pensa quererem dizer."
"O Terror Espectáculo-Terrorismo e Televisão" (Daniel Dayan, dir.)
O formato dos programas de televisão condiciona, como se sabe, o que as pessoas dizem. Não é só o tempo limitado, as interrupções, os cenários, a iluminação ou a pressão do palco, mesmo que concentrado no olho das câmaras, como o génio de Aladino.
A performance dum especialista em que matéria for tem sempre mais a ver com as artes do palco do que com a dita especialidade ou com a chamada vulgarização. Isto é uma consequência da prestação deste "sábio" fazer parte dum continuum homogéneo de imagens, apesar das rubricas em que ele se possa dividir.
Mas basta que a televisão possa apresentar certos conteúdos como imagens do mundo independentes, pelo menos para o público que não procura a televisão apenas como distracção.
Uma experiência interessante seria a de repertoriar as diferenças entre a televisão ouvida por um cego, ou sem imagens e, por exemplo, um programa da rádio. Isso deveria revelar o efeito no que se diz e na forma de o dizer do buraco negro da câmara.
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