Yuri Lotman (1922/1993)
"A natureza daquilo que aconteceu pode transformar-se brutalmente. Segundo Lotman (*), com efeito, o objecto observado é totalmente modificado conforme seja observado do passado para o futuro, ou do futuro para o passado. Visto a partir do passado e na direcção do futuro, o presente mostra-se como o conjunto complexo de toda uma série de possíveis, todos igualmente dotados de probabilidade. Pelo contrário, visto na direcção do passado, o real passa a adquirir um estatuto factual. Tornou-se o único possível. Quanto aos possíveis não realizados, tornam-se possíveis que nunca se poderiam ter realizado. Retrospectivamente, tornam-se quimeras."
"Semiótica do Acontecimento e Explosão?" (Jorge Lozano)
O "Iluminado" ou o "Grande Educador" vêem já todos os possíveis do futuro no passado como consequência do seu único possível.
Quanto maior é a sua fé, mais quiméricas lhes parecem as alternativas e, na verdade, impossíveis.
Em que espécie de tempo vivem pois estes sumo-projectistas?
Nalguns casos, os que chegam a ter alguma importância histórica, parece que, de certa maneira, afunilaram o tempo, o seu e o dos outros.
Porque o futuro, e não só o futuro anterior (o da psicanálise, por exemplo), pode realmente moldar o presente.
(*) Yuri M. Lotman, Cultura y explosion
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