sexta-feira, 29 de maio de 2009

JOHN FORD NO PARAÍSO


"A taberna do irlandês"

O homem que se apresentava: chamo-me John Ford e faço westerns, fez uma espécie de comédia na Polinésia francesa (Donovan’s reef).

A marca do autor revela-se logo numa virilidade truculenta, machista e patriótica que se exprime por uma contínua bebedeira, as “bagarres” de uniformes e pelos açoites (do género: estavas mesmo a pedi-los) no traseiro feminino.

Não há índios (o nativo das ilhas é um anjo musculado que toca ukulele), com a sua selvagem dignidade, para motivar o heroísmo. A paisagem não tem os contrafortes épicos do Monument Valley, mas é o paraíso na terra, com palmeiras, música e o amor na fase colectora.

Assim, resta aos velhos cowboys aborrecerem-se olimpicamente, partindo algumas garrafas e cadeiras. A luta metafísica que se trava em “O homem que matou Liberty Valance”, continua aqui, com os mesmos actores, no tom paródico.

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