segunda-feira, 18 de maio de 2009

FALAR COM OS MORTOS



"Talking to the dead and talking on the phone both hold out the promise of previously unimaginable contact between people."

(Pamela Thurschwell, citada por Maggie Jackson in "Distracted")


No final do século XIX, as comunicações deram de facto um salto gigantesco, que só não nos parece tal por termos entretanto adoptado essa passada.

A telepatia, com que Einstein brincava na sua crítica à acção à distância dedutível da teoria quântica e o espiritismo que seduziram homens como H.G. Wells não pareciam mais improváveis do que o telefone.

E, de repente, suscitando a mesma admiração supersticiosa que sentiu o narrador proustiano ao estabelecer, em Balbec, um contacto com a sua mãe em Paris, fez-se a ponte entre o visível e o invisível.

E não é preciso pensar no mundo da relatividade geral e no facto de podermos estar a receber a luz duma estrela morta ou mensagens de impérios inimaginavelmente mais antigos do que o império egípcio, para percebermos que o humano ganhou uma nova e incompreensível dimensão e que "falar com os mortos" está longe de ser apenas uma metáfora.

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