domingo, 10 de maio de 2009

A GUERRA DAS IMAGENS


Guerra do Golfo


"E assistimos a este paradoxo: enquanto que as imagens da Guerra do Golfo pareciam irreais, isoladas do terreno, o espectáculo de 11 jovens fechados num estúdio dava a sensação de abarcar o real!"

"O Terror Espectáculo" (Daniel Dayan, dir.)


O programa de televisão "Big Brother" era em tudo artificial (conforme a obra citada, os participantes comunicavam com o exterior, os votos eram manipulados e, pior de tudo, o directo era falso), mas assentava na "promessa dum mundo autêntico mostrado tal e qual por 25 câmaras e 50 microfones."

Os espectadores, contudo, talvez não reagissem de maneira diferente se soubessem desde o princípio que tudo se iria passar como se passou. A conversão da propalada realidade no espectáculo que realmente era não importava muito. Seria uma espécie de telenovela sem guião, com suficientes atractivos para o voyeurista médio.

Mentiu-se, é certo, mas como mente a publicidade.

As pessoas já devem saber que a televisão tem horror ao real. Mesmo as imagens da guerra têm de ser desformatadas e reintrepretadas.

Por isso, na era da televisão, a situação da belle âme de que fala Hegel é muito de lastimar. Sofre inutilmente pelo que nem sequer é o que pensa.

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