Uma passagem coberta em Paris
"A minha ideia é simples e clara. Ela foi descoberta por Walter Benjamin, na sua obra sobre as "passagens" de Paris. As passagens, para ele, eram o lugar onde a modernidade, na sua forma essencial, foi concebida. Porque a forma do mundo moderno não é a imensidade do mundo. É, pelo contrário, o espaço interior para onde se transporta o mundo."
("As metamorfoses do Império", Peter Sloterdijk entrevistado por António Guerreiro)
Parece incongruente, com esta ideia, que o mesmo "sistema" consuma tantos recursos para provar que está lançado na conquista do exterior.
Devemos, porém, reconhecer que a "fronteira" de que falava John Kennedy, para além dos seus objectivos de estratégia militar, se parece no fundo com uma colonização, isto é, com a reprodução de nós próprios nos planetas mais próximos.
E veja-se como este "falso infinito" (o progresso da conquista espacial) serve para escamotear o significado do "verdadeiro" infinito.
A megalomania das construções do Dubai e o exotismo de estufa de alguns complexos comerciais, como as pistas de ski no Japão, de que fala o filósofo, são o sinal de que a única transcendência que podemos já conceber é a dos recordes mundiais.
Sloterdijk diz que em termos cósmicos somos todos uma espécie de sem-abrigo.
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