"O Conformista" (1970-Bernardo Bertolucci)
Marcello Clerici (Jean-Louis Trintignant), um homem cuja ambição é não se afastar da norma, sentir-se da mesma massa de que são feitos os outros, decide oferecer os seus serviços ao partido fascista, entrando na polícia política.
O seu primeiro trabalho é preparar o assassinato de Quadri, o seu antigo professor de filosofia, opositor do regime que vive em Paris com a mulher.
A queda de Mussolini deixa-o desnorteado, mas aproveita a primeira oportunidade para denunciar o seu melhor amigo e acusar do assassínio de Quadri, um pederasta cuja morte carregava na consciência desde que, criança abusada, desfechara sobre ele vários tiros de pistola.
O último plano revela-nos Marcello pela primeira vez consentindo o desejo homossexual.
O filme inspira-se numa novela de Alberto Moravia e não se compreenderia sem a matriz freudiana. A personagem sob o sentimento de culpa por um crime, afinal, inexistente, recalca, de facto, o seu "desvio" sexual. Essa cobertura, permite-lhe assumir papéis "viris" para os quais não foi talhado. O fascismo, no seu histerismo de falsa virilidade, foi a sua oportunidade para encontrar uma norma que correspondesse à sua vida sequestrada.
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