Gilles Deleuze e Félix Guattari
Deleuze, na sua entrevista de 1988, com Claire Parnet, fala dos Direitos do Homem em confronto com a jurisprudência que, segundo o filósofo, distinguiria a esquerda.
Os Direitos do Homem seriam uma abstracção e um exemplo do pensamento "mole" do período do deserto, e só intelectuais vazios de ideias exagerariam a sua importância. Foca o caso do enclave arménio atacado pelos Turcos, obrigando a população a refugiar-se na república soviética. Isso ocorre ao mesmo tempo do terramoto que sacode a região, como num argumento sadiano. Não é uma questão de Direitos do Homem, mas um caso de jurisprudência. O que fazer em relação ao enclave, questão de território.
Mas, evidentemente, se existe um desequilíbrio de forças, o direito não se chega a criar, ou é o direito do mais forte.
Por outro lado, não se deve menosprezar o poder das ideias e da chamada política de prestígio. Os Direitos do Homem podem ser abstractos, mas não há ditadura que não ambicione esconder a sua repressão aos olhos do mundo, que não tente até onde puder ludibriar a opinião pública internacional. Tudo isso é revelador de como as abstracções podem ter um papel positivo. E haveria jurisprudência sem o uso de conceitos abstractos?
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