Jean-Paul Sartre (1905/1980)
Depois de ver o documentário de Adam Curtis para a BBC, "The Trap", temos de dar aceitação à tese que defende a predominância do maquiavelismo tanto em política nacional como internacional, sobretudo quando o poder se sente justificado por uma elite intelectual. Com a ressalva de que se trata de um maquiavelismo que lida com coisas muito acima dele e que, por isso, está condenado ao fracasso e à desilusão.
O que fica claro nesse debate entre liberdade positiva e liberdade negativa e conceitos como o da democracia de mercado que procuram controlar racionalmente os riscos da política é que a utopia não é um exclusivo da esquerda.
Quando o ideal do racionalismo tecnocrático visando sistemas sociais mais eficientes e auto-reguláveis encontra o interesse securitário de um potentado que vê na extensão da democracia a todo o planeta, mesmo que reduzida a uma simples aparência, a condição de sobrevivência do seu "império", temos, de facto, uma versão aviltada da utopia, mas que provocou já as calamitosas experiências de tabula rasa (para deixar o mercado criar a sociedade de raiz) na Rússia e, mais recentemente, no Iraque.
Os neo-conservadores, inspiradores nos EUA desta política, definem-se, de resto, como democratas revolucionários, a pensar nesta ambição planetária de remodelar o mundo à sua imagem.
Por outro lado, e segundo o programa, toda a vaga de fundamentalismo libertário, incluído o terrorismo islâmico, tiveram origem nas ideias de intelectuais europeus, e uma capital, Paris, foi o alfobre de pensadores e de líderes, como Fanon e Komeini, que readaptaram as teses do existencialismo aos seus propósitos nacionalistas e revolucionários.
Estará o papel na história das ideias de um filósofo como Sartre mal avaliado e haverá um horizonte sartriano, como ele dizia que havia um de Marx?
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