Walker Evans - "Subway"
"Homens vigorosos, na força da idade, adormecem de fadiga no banco do metro. Não depois de um duro golpe, depois de um dia de trabalho normal. Um dia tal como haverá outro amanhã e depois de amanhã, sempre. Descendo para o metro, ao sair da fábrica, uma angústia ocupa todo o pensamento: será que vou encontrar um lugar sentado? Seria demasiado duro ter de ficar de pé. Mas muitas vezes é preciso ficar de pé. Atenção nesse caso para que o excesso de fadiga não impeça de dormir! No dia seguinte seria preciso forçar ainda um pouco mais."
"La vie et la grève des ouvrières métallos" (1936-Simone Weil)
Simone, professora de filosofia, consegue uma licença prolongada para conhecer mais de perto a experiência operária, como outros fizeram antes e depois dela.
A sua falta de saúde e o hábito de pensar tornam essa experiência mais difícil do que seria para um operário normal. Mas não importa, mais do que à vontade de conhecer, ela obedece à mística da partilha duma condição próxima, naquele tempo, da servidão.
Quantos se sentiriam hoje atraídos por uma tal experiência, quando os humilhados da terra e os futuros libertadores da humanidade não se encontram já nas fábricas modernas?
E a própria fadiga do trabalho cruza-se no metro, cada vez mais, nas nossas cidades, com a fadiga dos prazeres. Nessa situação em que, como diz Georg Simmel (citado por Benjamin), as pessoas se encontram "durante muitos minutos, ou mesmo horas, a olhar umas para as outras sem dizerem uma palavra."
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