"A recordação não sobe, nem a previsão desce o curso do tempo, porque o tempo, para falar propriamente não se escoa. O tempo é esta separação entre o que eu sou e o que quero ser, de tal modo que o único caminho entre mim e mim seja o trabalho, esta relação sempre desfeita entre mim e mim que só o trabalho reata."
"Du Temps" (Simone Weil)
No único artigo que Simone Weil publicou na revista de Alain (1929), tenta colocar a noção de trabalho no centro do processo de conhecimento.
Essa tese encontra uma espécie de confirmação na teologia popular. É no momento em que é expulso do Paraíso, onde o tempo não existe, nem se envelhece, que a Adão é dito que doravante ganhará o pão "com o suor do seu rosto". O primeiro conhecimento, resultante desse trabalho, foi o da própria nudez (em todos os sentidos).
É interessante comparar este ensaio e o "Journal d'Usine" de uns anos mais tarde, depois da sua experiência operária, em que o trabalho se aproxima mais do seu étimo latino, conotado com a tortura, e quase sem ligação a qualquer tipo de conhecimento apolíneo.
E pode-se, sem dúvida, ver aqui o rigor de uma evolução espiritual que termina na mística da cruz e numa espécie de conhecimento-limite.
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