"Ah, quem nos conta a história toda dos narcóticos! É quase a história da "formação", da chamada formação superior."
"A Gaia Ciência" (Friedrich Nietzsche, citado por Peter Sloterdijk)
Sloterdijk diz que a filosofia caminhou da embriaguez (a inspiração dionisíaca) para a sobriedade, mas que este processo de civilização também pode ser traduzido pela "imposição de drogas de substituição." "No princípio havia a privação."
Se nos tempos do entusiasmo filosófico tínhamos acesso à harmonia cósmica, na moderna subjectividade, "o "interior" humano abre-se e oferece-se na medida em que é um condutor sonoro e um ecrã para a epifania de forças sobre- e extrahumanas cujos representantes sacros poderiam ser quaisquer das substituições que, na gíria moderna farmacêutica se chamam drogas." (in "O Estranhamento do Mundo")
"(...) O que conta é a restauração do encanto proporcionada pela embriaguez concedida pelas plantas a fim de recuperar a participação humana na integridade do mundo." (ibidem)
Assim, pode a nossa cultura ter expulsado os deuses e o sobrenatural, oferecendo-nos o Homem como a realidade suprema, que eles regressam nos nossos sonhos naturais ou provocados.
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